Infância e interpelações éticas: do presente transitório ao passado ditatorial em "Señales de nosotros", de Lina Meruane.

Resumo

Com relação à comemoração dos 50 anos do golpe civil-militar e ao inquietante negacionismo promovido por diversos setores da sociedade que esperam virar a página e olhar para o futuro, este artigo propõe a necessidade de ler Señales de nosotros (2023), de Lina Meruane, segundo duas linhas interpretativas. Por um lado, entender que o exercício ficcional elaborado pela escritora chilena explora criticamente as formas de representação do passado ditatorial a partir de um presente enunciativo vinculado à matriz simbólico-cultural da Transição. Por outro lado, Señales de nosotros problematiza a responsabilidade ética de crianças e adolescentes que viveram no contexto de uma ditadura, regulada por condições de produção normativa e violência política. Propomos rastrear analiticamente as indicações ou sinais escriturais que nos permitem corroborar nossas hipóteses de leitura por meio de três códigos imagéticos: uma memória autoficcionalizada, constelações familiares e imaginários pedagógico-culturais.