Tecnologias e o problema da verdade no campo das práticas de segurança brasileiras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35588/estudav.v0i39.6526

Palavras-chave:

Body-Worn cameras, segurança pública, branquitude, regimes de verdade

Resumo

Discutimos o modo como as tecnologias digitais têm tensionado as relações de poder e saber em torno do problema da verdade no âmbito da segurança pública. Dentre as diversas tecnologias digitais, aquelas que captam imagens se constituíram como um marco importante para o processo penal, visto que, supostamente, garantiriam a correta identificação da autoria de crimes e o devido estabelecimento da sentença baseada em provas confiáveis e livres de interferência subjetiva. Tais tecnologias, entretanto, não são produzidas de maneira neutra em relação às sociedades em que operam, tampouco o são seus produtos. Ou seja, em sociedades estruturadas no racismo e na branquitude, atualizadas pela colonialidade do poder, as instituições e as estratégias de gestão dos espaços e das populações reproduzirão as lógicas estruturais de identificação, hierarquização e qualificação das existências. As iconografias que nos servem de materialidade para problematizarmos as relações de poder no campo das práticas de segurança são a dos civis, desigualmente atingidos pelas estratégias de violência/segurança, e a polícia como instituição que visibiliza o monopólio da violência em Estados Democráticos.

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Publicado

2023-12-19

Edição

Secção

Dossiê

Como Citar

Tecnologias e o problema da verdade no campo das práticas de segurança brasileiras (G. Barbieri Galeano & N. M. de F. Guareschi , Trads.). (2023). Estudios Avanzados, 39, 44-64. https://doi.org/10.35588/estudav.v0i39.6526

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