Resenha de Ananaz, Kanguimbu (2020). Seios e ventres. Luanda, Tchingapy Editora
Palabras clave:
Kanguimbu Ananaz, poesía, reseñaResumen
O ano de 2020 foi um marco para todo o planeta. Assolados pela pandemia, pelo crescimento da miséria e da fome, atravessamos, ainda, o maior luto da história até hoje. Não são apenas corpos, mas sonhos, perspectivas de futuro e a solidariedade que de algum modo foram-se esvaindo pelos leitos de UTI, pelos leitos dos rios, pelas lágrimas, leitos lentos rios que correm por tantas faces. Nunca foi tão urgente que a arte se colocasse como pá que lavra a resistência, a resiliência e a reconstrução. É aguda a necessidade de repensar a experiência; pungente a necessidade de nomeá-la e vivê-la pela palavra, que se não conserta o mundo, concerta as utopias, o amor, o desejo, o corpo e a história.
Justamente neste contexto, a poeta angolana Kanguimbu Ananaz (1959) traz à luz o seu Seios e ventres. Publicado em 2020 pela Editora Tchingapy, o livro é delicadeza, erotismo e luta simultaneamente e não poderia ser distinto, pois que a escrita-mulher não é outra senão aquela que se deita sobre o papel como a mulher inscrita no tempo, no espaço e em si mesma; deita-se no mundo a recolher muco, sonhos e dores, coragem e grafos.